BPA: entenda os riscos do plástico à saúde das crianças

BPA: entenda os riscos do plástico à saúde das crianças

Devido a sua ação no sistema endócrino, o bisfenol A está associado a infertilidade e diversos problemas de saúde em crianças.

O bisfenol A, também chamado de BPA, é uma substância química orgânica utilizada na fabricação de plásticos de bicarbonato, resinas epóxi e no revestimento interno de latas de alumínio. Pequenas quantidades de BPA também são utilizadas na composição de PVC maleável e como preparador de cor em papéis térmicos.

Sendo um dos materiais mais comumente produzidos no mundo, ele está presente em garrafas de água, brinquedos, dispositivos eletrônicos, equipamentos médicos, discos de CD/DVD, produtos odontológicos e muitos outros – incluindo utensílios usados por bebês e crianças.

Embora seu uso tenha sido banido em alguns países do mundo, diversos estudos apontam concentrações detectáveis de BPA no sangue e urina de humanos. Nesse sentido, estima-se que cerca de 90% das pessoas estejam contaminadas pela substância. A questão é que, atualmente, existem inúmeras evidências dos malefícios do BPA à saúde.

Segundo Tânia Bachega, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo, a exposição por bisfenol, normalmente, ocorre por meio de água potável, inalação de poeira e contato dérmico. Porém, as fontes mais importantes de exposição são os alimentos. “Ao se colocar uma embalagem ou recipiente plástico que contenha bisfenol A no micro-ondas, ocorre a quebra das moléculas e a contaminação do alimento”, esclarece a especialista.

Em razão de ser uma substância muito instável, uma mínima mudança de temperatura ou dano ao recipiente com alimentos pode causar a contaminação do conteúdo. De acordo com Tânia Bachega, o BPA possui a estrutura similar à do hormônio feminino estradiol, além do hormônio da tireoide, podendo desencadear ações hormonais no corpo, mesmo em doses consideradas pequenas.

No Brasil, uma campanha liderada pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia-Regional São Paulo, em 2011, corroborou para a proibição da utilização do bisfenol A em mamadeiras. Porém, a substância ainda é encontrada em diversos outros produtos infantis e do cotidiano da população.

Potenciais riscos do BPA para crianças

Uma vez que estão em período de crescimento, bebês, crianças e adolescentes são o grupo de maior suscetibilidade aos efeitos nocivos do bisfenol ou de outros desreguladores endócrinos. Na adolescência, a substância está diretamente relacionada à puberdade precoce.

De acordo com a consultora em pediatria do Grupo Fleury, Daniela Piotto, o BPA atua diretamente no sistema endócrino, alterando a função e o desenvolvimento dos órgãos sexuais e trazendo inúmeros danos à saúde, aumentando a chance de doenças como a endometriose, além do câncer de mama, próstata e cólon.

Em meninas, está diretamente associado ao aparecimento precoce de mamas antes dos 9 anos. Outros estudos, realizados em camundongos machos, também relacionaram o BPA com a infertilidade e diminuição da produção de testosterona, além de alterações no metabolismo e aumento dos valores séricos de colesterol.

Uma pesquisa realizada em 2012 pela Universidade de New York, publicada no veículo Journal of The American Medical Association (JAMA), relacionou a presença da substância no organismo de crianças e adolescentes com maior risco de obesidade. Mesmo com a correção das calorias ingeridas e das horas em frente à televisão e videogame, a influência do bisfenol permaneceu.

Ainda segundo Daniela, o BPA pode promover em recém-nascidos a alteração no desenvolvimento das gônadas, podendo levar à ambiguidade genital. Autismo, diabete e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) também são doenças associadas à contaminação por bisfenol, segundo estudos.

No entanto, a endocrinologista Tânia Bachega ressalta que, apesar da contaminação generalizada da população, não devemos nos alarmar. “Nem todos desenvolvem as doenças supracitadas, outros mecanismos também influenciam na suscetibilidade ao desenvolvimento de doenças crônicas, como predisposição genética e hábitos de vida”, explica a médica.

Como saber se o produto possui BPA

Em geral, o bisfenol A está presente em muitos tipos de plástico, como copos infantis, embalagens de alimentos, bebidas e alimentos enlatados, entre outros. Para descobrir se o produto contém BPA, basta procurar pelo número da embalagem, normalmente gravado no rótulo.

“Os plásticos de números 3 e 7 são os que trazem maior risco de liberarem a substância após o contato com líquidos aquecidos ou detergentes fortes. Os de número 5 não apresentam perigo”, elucida Daniela.

Produtos que não possuem bisfenol são vendidos como BPA free, porém, a endocrinologista Tânia Bachega salienta o cuidado de verificar a composição das embalagens plásticas, uma vez que podem conter bisfenol S – um composto que, quando em contato com o organismo, é metabolizado em bisfenol A.

Bons substitutos do BPA

Mesmo com a utilização de produtos BPA free, é importante estar atento a outras substâncias, em especial outros bisfenóis – que podem ser tão nocivos quanto o do tipo A. Evitar o uso de materiais plásticos é o primeiro passo para garantir que a criança ou adolescente não seja exposto à substância.

À vista disso, a pediatra Daniela Piotto recomenda o uso de mamadeiras e utensílios de vidro. Já para armazenar alimentos, porcelana, cerâmica e aço inoxidável também são opções seguras. Além desses materiais, também é possível investir em talheres e recipientes feitos de bambu – que ainda são ecologicamente corretos.

Fonte: Minha Vida

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