Tudo que você precisa saber sobre Fraturas Ósseas

Tudo que você precisa saber sobre Fraturas Ósseas

A fratura óssea acontece quando há a perda da continuidade do osso, isto é, quando o osso se quebra, sendo mais frequente em mulheres na pós-menopausa e em pessoas da terceira idade.

O corpo humano é formado por um conjunto complexo de vários sistemas que interagem entre si.

Um desses sistemas é o sistema esquelético, formado por um conjunto de ossos e tecidos que são interligados e desempenham várias funções.

O principal componente do sistema esquelético é o osso. Ele apresenta uma deformidade muito baixa em condições de carga, por ser uma estrutura muito resistente que tem capacidade de suportar cargas axiais sem fraturar. Quando acontece de exceder os limites suportados e um dos ossos se quebra, dá origem à uma fratura.

Mas que tal entendermos mais sobre a anatomia dos ossos antes de conhecermos os tipos de fraturas ósseas? Vamos lá!

Classificação dos ossos

As características ósseas permitem sustentar e proteger as partes moles, além de ajudar na locomoção e no funcionamento mecânico dos membros.

Os ossos podem ser classificados quanto à sua forma em:

  • Ossos longos: compõem a estrutura do esqueleto apendicular e se caracterizam por ter comprimento maior que a largura e a espessura. Um osso longo (em um adulto) é formado por um tubo cilíndrico, no qual se distinguem duas extremidades alargadas chamadas de epífise e uma parte no centro, ao qual se denomina diáfise ou corpo. Ex.: fêmur.
  • Ossos curtos: apresentam três dimensões semelhantes. Ex.: ossos do carpo.
  • Ossos chatos: possuem função protetora, sendo o comprimento e largura similares ou maiores que a espessura. Ex.: osso frontal do crânio.
  • Ossos irregulares: não apresentam relação entre duas dimensões. Ex.: vértebras.
  • Ossos sesamoides: se desenvolvem dentro de tendões. Ex.: patela.

Em todos os ossos do esqueleto adulto existem dois tipos de estruturas que correspondem à macroestrutura do tecido ósseo:

  • Osso cortical: massa densa e sólida com alguns canais microscópicos que representa cerca de 80% da massa óssea. O osso cortical forma a superfície externa de todos os ossos, sendo responsável pelas funções de sustentação e proteção desempenhadas pelo esqueleto.
  • Osso trabecular: representa 20% da massa óssea, sendo o entrelaçamento de feixes de formato de placas e hastes denominadas trabéculas, encontradas na região interna dos ossos. O osso trabecular possui estrutura interna complexa, de alta porosidade e é composto por cristais de hidroxiapatita embebidos em uma matriz de fibras de colágeno, que lhe confere rigidez e a transforma em um material dúctil.

O que são fraturas ósseas?

As fraturas ósseas são resultadas de sobrecargas no osso, que podem ser únicas ou múltiplas, com uma magnitude que excede o limite suportado.

Ocorrem em uma fração de milissegundo e se originam através de um processo de ruptura, danos visíveis nas partes moles com características de implosão.

O efeito mecânico de uma fratura consiste numa perda de continuidade óssea, que leva a uma mobilidade patológica, perda da função de suporte ósseo e dor.

As forças deformantes atingem o osso por meio de traumatismos e as fraturas ósseas podem se localizar no local de aplicação da força (traumatismo direto) ou à distância dela (traumatismo indireto).

Como exemplo de traumatismo direto temos um indivíduo que recebe um golpe na perna e tem fratura na tíbia. O trauma foi exatamente no local da fratura, por isso é considerado como traumatismo direto.

Um exemplo de traumatismo indireto é quando um indivíduo cai e se apoia com a mão durante a queda, fraturando o antebraço, cotovelo, ombro ou clavícula. O impacto foi aplicado na mão, mas foi transmitido para o membro superior.

Sinais e sintomas

As fraturas ósseas têm, na maioria das vezes, toda uma sintomatologia que se inicia logo com a aplicação do trauma. Porém na fratura por fadiga, em que não existe um trauma precipitante, os sintomas se desenvolvem lentamente resultando em dor crônica:

Os principais sintomas das fraturas ósseas são:

  • Dor: quando o membro está em repouso ou imobilizado, a dor é basal – com uma intensidade não muito forte e tolerável na maioria das pessoas. Essa dor se exacerba em picos e se torna muito forte caso o segmento fraturado seja mobilizado ou palpado. A dor é referida como sendo mais intensa na região da fratura e à palpação, se localiza um ponto de dor óssea máxima.
  • Aumento de volume: surge nas adjacências da fratura e tem dois componentes. O primeiro é de aparecimento rápido devido ao hematoma e o segundo se instala lentamente, se estabilizando em torno de 6 horas. Esse aumento é devido ao processo inflamatório pós-traumático.
  • Crepitação: é uma sensação tátil que corresponde ao atrito de um fragmento ósseo contra o outro. Apesar da crepitação óssea ser um sinal encontrado em fraturas, na prática ela nem sempre é encontrada pois a crepitação só aparece em fraturas que são completas, que tem mobilidade e contato dos fragmentos por meio da superfície faturada. Como a crepitação é acompanhada de muita dor ela não é pesquisada objetivamente.
  • Deformidades: é a manifestação clínica do desvio dos fragmentos e não ocorre em fraturas ósseas sem desvios.
  • Mobilidade anormal: é o movimento de um fragmento em relação ao outro. As manobras para a pesquisa de fratura como a palpação intempestiva, crepitação e etc. são muito dolorosas e devem ser dispensadas quando já há sinais evidentes de fraturas ósseas como a mobilidade anormal e a deformidade.

Tratamento para as fraturas ósseas

Com a história clínica, exame físico e radiografias é possível avaliar e caracterizar as fraturas ósseas.

Em termos de tratamento, geralmente, são utilizados dois grandes caminhos: o conservador e o cirúrgico.

Ao considerar o tratamento de uma fratura, devem ser levadas em consideração as características clínicas do paciente como risco cirúrgico, profissão, idade e lado dominante. Como exemplo, uma fratura de tíbia consolidada com algum encurtamento pode ser imperceptível para a maioria das pessoas, mas pode interferir com o desempenho de um atleta ou carteiro.

A idade é outro fator muito importante, pois em crianças há uma capacidade muito maior de remodelação dos desvios, que não ocorre no adulto. Já um idoso não tolera grandes períodos de imobilização ou restrição nos leitos, então nesses casos o tratamento cirúrgico pode ser preferido. Pode também acontecer o contrário: quando uma fratura apresenta indicação cirúrgica, mas não pode ser operada por falta de condições clínicas no paciente.

A maior vantagem do tratamento conservador é a segurança, porém apresenta como desvantagem os períodos longos de imobilização, necessidade de aparelhos gessados e alinhamentos nem sempre perfeitos.

Já o tratamento cirúrgico traz consigo os riscos de uma cirurgia, mas tem o grande mérito de oferecer um alinhamento anatômico e estabilização adequada dos fragmentos, permitindo reconstituições adequadas e reabilitação precoce.

Indicações típicas de tratamento conserva

Tratamento conservador

Fraturas ósseas incompletas ou sem desvio são, naturalmente, simplesmente imobilizadas. Quando há um desvio é necessária a redução, ou seja, a manipulação dos fragmentos com o objetivo de alinhar em uma posição compatível com a função e estética (nessa ordem de prioridade).

O tipo de imobilização depende do tipo de fratura e da região. A imobilização pode ser feita com tipoias, férulas metálicas e aparelhos gessados.

De uma maneira geral o objetivo é sempre imobilizar o menor segmento possível, pelo tempo mais curto, estimulando a função do membro afetado e a atividade do indivíduo como um todo, enquanto imobilizado.

Durante a imobilização é importante diminuir os efeitos colaterais causados pelo imobilismo como:

  • Edema;
  • Atrofia;
  • Aderência;
  • Rigidez Articular;
  • Osteopenia/Osteoporose.

A função da imobilização é restringir o movimento com a finalidade de aliviar a dor e propiciar melhores condições para a reparação dos tecidos lesados. A imobilização pode ser conseguida por meio de trações, enfaixamentos, aplicação de latas plásticas, talas metálicas, aparelhos gessados e etc.

Alguns tipos de fraturas ósseas são tratados em um sistema de tração. Esse sistema submete o membro a uma ação permanente de força para obter e manter o alinhamento dos fragmentos.

Esse tipo de tração é indicado quando o período de imobilização é curto e não há necessidade de aplicação de muito peso, sendo mais usada nas crianças e pouco em adultos. Deve ser aplicada com muito cuidado, pois pode provocar garroteamento do membro, úlceras por pressão ou compressão de nervos superficiais como o ciático poplíteo externo.

A tração esquelética é indicada quando há necessidade de aplicação de grande peso (maior que 2kg) e/ou ser mantida por tempo prolongado (mais que duas semanas). O maior inconveniente desse tipo de tração é a infecção do trajeto do fio. É mais usada em adultos.

Tratamento cirúrgico

É necessário um estudo prévio e planejamento de cada caso, com opção pela técnica mais adequada. A assepsia e a antissepsia devem ser rigorosas, assim como trato com as partes moles e o osso não deve acrescentar traumas que possam comprometer o resultado final.

O alinhamento anatômico deve ser restabelecido e a fixação interna estável sempre que possível, para permitir a realização de fisioterapia precoce. Geralmente são utilizados como meio de fixação parafusos, fios de aço, placas metálicas e hastes intramedulares. Para preencher falhas ósseas são utilizados enxertos ósseos retirados geralmente do osso ilíaco do próprio indivíduo.

Algumas fraturas ósseas precisam ser tratadas através de fixação externa.

A fixação externa é um meio termo entre os tratamentos conservador e cirúrgico. Nesse tipo de sistema de fixação são utilizados pinos metálicos aplicados no osso, estabilizados por meio de um sistema colocado externamente no membro. É indicado nos casos de fratura exposta.

Fisioterapia

A fisioterapia no tratamento de fraturas ósseas visa diminuir as complicações causadas pela imobilização durante o tratamento das fraturas. É indicada tanto para fraturas de tratamento conservador como para recuperação nos casos de tratamento cirúrgico.

Os objetivos gerais da fisioterapia para fraturados são:

  • Aliviar a dor;
  • Restaurar e manter completa a amplitude de movimento
  • Melhorar e restaurar a força muscular;
  • Reduzir e/ou prevenir edemas;
  • Manter a representação cortical do segmento;
  • Estimular a função do sistema nervoso central e periférico;
  • Manter a função respiratória;
  • Treinar atividades de vida diária, propriocepção e marcha.

Cuidados

  • Enquanto o membro estiver imobilizado, durante a fase de formação de calo mole, é importante evitar movimentos no local da fratura para evitar a angulação.
  • Quando um paciente recebe um aparelho gessado é importante orientá-lo que o gesso não pode ser danificado, cortado e molhado. É importante a orientação para prevenir a síndrome de compartimento, mantendo o membro elevado e movimentar as articulações adjacentes.

Fonte: Blog Fisioterapia

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