Infecção urinária na gravidez: Sintomas, tratamento e riscos

Infecção urinária na gravidez: Sintomas, tratamento e riscos

Fonte: Minha Vida

Além de afetar a qualidade de vida da gestante, a infecção não tratada aumenta o risco de morbidade materna e fetal.

A infecção urinária, também conhecida como infecção do trato urinário, é uma doença infecciosa que ocorre em partes do sistema urinário, como rins, bexiga, ureteres e uretra. Embora não seja uma doença restrita às mulheres, o grupo apresenta 50 vezes mais chance de ter o problema — com sua incidência sendo muito comum, especialmente, durante a gravidez.

No período, as alterações fisiológicas da gestação favorecem a colonização do trato urinário, normalmente causada por bactérias como a Escherichia coli. Alterações metabólicas e endócrinas, além do outras infecções vaginais, como candidíase, também podem ser fatores de risco para o desenvolvimento da infecção urinária. 

A infecção está associada a complicações graves, como sepse materna, que pode colocar a vida da mãe e do bebê em risco. Ainda que apareça em qualquer período da gravidez, ela é mais comum na segunda metade da gestação.

  • Bacteriúria assintomática: é quando a gestante apresenta bactérias na urina, mas não manifesta sintomas; 
  • Cistite: é uma infecção do trato urinário baixo que acomete a bexiga e ocorre em aproximadamente 1% a 2% das grávidas. Todas as pessoas com vagina estão em risco de cistite devido a sua anatomia — especificamente por conta da curta distância da uretra ao ânus e da abertura uretral à bexiga.
  • Pielonefrite: trata-se de uma infecção do trato urinário superior e ocorre quando as bactérias presentes no trato urinário sobem pelos ureteres e chegam aos rins, causando desconforto e dor nas costas ao urinar. A maioria dos casos de pielonefrite acontece durante o segundo e terceiro trimestre.

Infecção urinária na gravidez é perigoso?

Sem o tratamento adequado, a infecção urinária na gravidez está associada a complicações graves, como aumento do risco de parto prematurobaixo peso ao nascer e mortalidade perinatal,além disso, existe um potencial das bactérias acometerem os rins, o que pode evoluir para uma sepse materna — uma infecção generalizada que aumenta o risco de morbidade materna e fetal. 

Fatores de risco para infecção urinária na gravidez

A imunidade baixa é um dos principais fatores de risco associados à proliferação de bactérias no trato urinário durante a gestação e pode ocorrer em decorrência de diversas causas — sendo a gravidez em si um fator de risco para o problema.

Segundo Lilian Fiorelli, médica ginecologista especialista em sexualidade feminina e uroginecologia pela Universidade de São Paulo (USP), as causas incluem: 

  • Diabete gestacional; 
  • Diarreia; 
  • Infecções vaginais, como a candidíase de repetição; 
  • Alterações hormonais; 
  • Disfunções de assoalho pélvico; 
  • Pedras nos rins. 

Sintomas da infecção urinária na gravidez

De acordo com Lilian, a infecção urinária na gestação pode se manifestar de diversas formas. Em alguns casos, é possível que a gestante seja assintomática, isto é, não apresente os sintomas do problema. No geral, assim como em pessoas não grávidas, os sinais da infecção urinária podem incluir: 

  • Dor ou queimação ao urinar; 
  • Vontade frequente e repentina de urinar em pouca quantidade;
  • Sensação de peso ou desconforto na região da barriga; 
  • Urina escura, cheiro forte ou com presença de sangue; 
  • Febre baixa persistente. 

“A grávida é uma situação especial em que você tem uma imunidade um pouco acometida, que facilita ela ter infecções, mascara sintomas e podem ser infecções potencialmente graves”, explica a especialista. Por esse motivo, alguns sintomas, como a vontade frequente de urinar ou sensação de peso na bexiga, são comuns durante a gravidez e, por esse motivo, podem ser disfarçados. 

Diagnóstico de infecção urinária na gravidez

O diagnóstico de infecção urinária durante a gravidez é feito por um exame laboratorial de urocultura, ou cultura de urina, que consegue confirmar a infecção e identificar qual o micro-organismo responsável.

Como o exame demora cerca de três dias para ficar pronto, Lilian explica que também é solicitado o exame de urina 1, que avalia o número de leucócitos no organismo da grávida e se há a presença de nitrito, substância produzida pelas bactérias que causam a infecção urinária. Esse exame serve apenas como diagnóstico indireto, sendo apenas o antibiograma capaz de dar o resultado do problema.   

Normalmente, juntamente com a urocultura, é solicitada a realização de um antibiograma, que só é realizado quando o resultado da urocultura é positivo. Segundo Lilian, por meio desse exame é possível saber quais os melhores antibióticos para tratar aquela bactéria.  

A especialista também aponta que o exame de urina deve ser realizado regularmente pela gestante, de preferência uma vez ao mês, ou após qualquer sintoma suspeito, ou mesmo os sinais comuns do período, como dor lombar e dor no baixo ventre. 

Como é feito o tratamento?

O tratamento de infecção urinária na gravidez é feito através da administração de antibióticos, como a cefalexina, durante um tempo prolongado — normalmente entre sete a 14 dias. Também é essencial que a grávida adote alguns hábitos, como beber bastante água, não segurar o xixi esvaziar completamente a bexiga cada vez que for urinar. 

Caso a gestante apresente o problema pela segunda vez na mesma gestação, além do tratamento tradicional, Lilian aponta que ela será submetida a profilaxia, a partir do uso de antibióticos em doses baixas, diariamente, até o dia do parto. “Em casos mais graves podem ser necessários mais exames e até a internação da paciente”, acrescenta Bárbara Murayama em entrevista prévia.

Tratamento caseiro para infecção urinária

Nenhum tratamento caseiro, quando feito isoladamente, é eficiente contra a infecção urinária. O ideal é que, no surgimento de qualquer sintoma suspeito, a gestante busque ajuda de um especialista para realizar o tratamento adequado. 

Todavia, a gestante pode utilizar de métodos caseiros específicos, como o consumo de chás, para aliviar os sintomas da infecção urinária, desde que eles não substituam o tratamento clínico com antibióticos. O tipo de chá também deve ser avaliado por um especialista, uma vez que existem substâncias contraindicadas na gravidez e que podem causar complicações — incluindo o aborto espontâneo. 

É possível prevenir a infecção urinária na gravidez?

A adoção de alguns hábitos de vida pode ajudar a prevenir quadros de infecção urinária, especialmente aqueles relacionados aos fatores de risco do problema, como a imunidade baixa. 

No geral, o consumo de água em abundância é fundamental para expelir bactérias e impurezas da bexiga e da uretra. Caso a pessoa apresente infecções genitais existentes ou obstipação, o tratamento deve ser realizado para diminuir os riscos da infecção urinária.

Outros métodos incluem:

  • Limpar-se após urinar, para evitar que as bactérias se acumulem no local e entrem no trato urinário; 
  • Urinar logo após a relação sexual para esvaziar a bexiga; 
  • Não utilizar nenhum produto que contenha perfumes na área genital; 
  • Não utilizar calças muito apertadas; 
  • Manter a região da vulva e do ânus sempre limpa; 
  • Usar calcinhas e meia-calça de algodão e trocá-las pelo menos uma vez por dia. 
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