O acompanhamento da gestação detecta e ajuda a prevenir problemas.
O acompanhamento pré-natal é um conjunto de exames realizados durante a gestação que possibilitam que a mulher faça um acompanhamento detalhado da sua saúde e do bebê. Esse cuidado ajuda a prevenir diversas doenças e complicações que podem trazer inclusive o parto prematuro e o aborto.
“Os cuidados pré-natais têm também um aspecto muito importante, sendo o de orientar a futura mãe sobre o que esperar e como agir durante a gestação”, complementa o ginecologista e obstetra Fredric D. Frigoletto, do General Hospital de Boston (EUA) e um dos autores do livro Primary Care of Woman (ainda sem tradução para o Brasil).
Normalmente as consultas acontecem mensalmente, e a semana depende muito de qual o momento em que você descobriu a gravidez e foi ao médico pela primeira vez. Por isso mesmo, os exames acabam sendo mais divididos entre os trimestres, e os ultrassons respeitam melhor a divisão das semanas.
Confira a seguir quais são os principais testes pedidos nessa época, e quando são feitos, para você poder cobrar todos do seu obstetra!
Hemograma completo
O que o exame indica:
O hemograma é a avaliação de todos os compostos presentes no sangue, como a série vermelha (dos glóbulos vermelhos), série branca (dos glóbulos brancos) e plaquetas. Os primeiros são importantes para avaliar se a gestante está com anemia.
“As grávidas são mais propensas ao problema, ao haver um aumento de 50% do sangue, portanto o ferro se dilui”, explica Marco Antônio Borges Lopes, especialista em Medicina Fetal do Fleury Medicina e Saúde. Além disso, a análise das plaquetas indica como está a coagulação e os glóbulos brancos ajudam a identificar como está o sistema imunológico e se há alguma infecção no corpo.
Quando é feito:
O exame sempre é pedido na primeira consulta da gestação, podendo ser repetido no segundo ou no terceiro trimestre conforme a conduta do obstetra.
Resultados normais:
- Hemácias – 3.800.000 a 5.200.000/mm³
- Hemoglobina – 12.0 a 16.0 g/dl
- Global de Leucócitos – 4.000 a 11.000 /mm³
- Plaquetas – 140.000 a 450.000/mm³
Glicemia
O que o exame indica:
O exame de glicemia de jejum indica a quantidade de glicose presente no sangue. Quando as taxas estão acima do normal, o médico pode suspeitar do quadro de diabete gestacional, que torna a gravidez mais arriscada, podendo causar problemas de saúde no feto.
“A queda da glicemia também pode trazer riscos para a gestante e o nenê, mas devido a seu tipo de sintomatologia é mais rapidamente diagnosticado e tratado”, comenta Jurandir Passos, médico obstetra e ginecologista do laboratório Exame. Os sintomas de queda de glicemia na gestante incluem tontura, taquicardia, desmaio e sudorese.
Tipos:
Pode ser feita a glicemia de jejum, que contabiliza a quantidade de glicose no sangue quando não há ingestão de alimentos. Depois pode ser efetuada a curva glicêmica, que mede a quantidade de açúcar no sangue após duas horas de ingestão desse alimento.
Quando é feito:
Normalmente a glicemia é pedida com a primeira bateria de exames e a curva glicêmica é pedida no quinto mês.
Preparação:
O exame de glicemia de jejum pede a ausência de alimentação pelo mínimo de 8 horas. Já a curva glicêmica precisa da ingestão de açúcar duas horas antes do exame.
Resultados normais:
Glicemia de jejum: o normal é que esteja abaixo de 99 mg/dl
Curva glicêmica: os valores são abaixo de 92 mg/dl no primeiro exame, menos de 180 mg/dl após uma hora e menor que 153 mg/dl depois de duas horas
Sistema ABO e fator Rh
O que o exame indica:
Esse procedimento indica qual o tipo de sangue da mãe. Saber o sistema ABO ajuda em possíveis transfusões sanguíneas. Já o fator Rh é mais importante: “Mães que sejam fatores negativo com bebês com fator positivo podem obter um quadro chamado eritoblastose fetal.
No parto, quando os sangues entram em contato, são formados anticorpos anti-Rh no corpo da mãe, que podem destruir as hemácias do próximo bebê Rh+ que ela tiver”, ensina Fabio Rosito, especialista em Ginecologia e Obstetrícia e diretor de Novos Negócios e Alta Tecnologia em SalomãoZoppi Diagnósticos. Para evitar que isso aconteça, é ministrado um medicamento após o parto que impede que esses anticorpos se formem.
Quando é feito:
O exame é pedido na primeira consulta pré-natal e não há necessidade de ser repetido.
Sorologia para HIV e VDRL
O que os exames indicam:
O primeiro exame indica quando a mãe é soropositiva para HIV, ou seja, tem chances de desenvolver AIDS. Já o segundo mostra se a mãe está contaminada com a bactéria que causa sífilis.
“Se o resultado for positivo, é importante que essa paciente seja tratada para evitar a transmissão do vírus para o filho”, frisa Augusto Bussab, ginecologista e especialista em medicina reprodutiva. O exame é indicado para todas as gestantes; elas podem estar infectadas sem saberem e ambas as doenças podem prejudicar o feto. O HIV prejudica o sistema imunológico, já a sífilis congênita pode causar problemas no sistema nervoso central e coração, entre outros órgãos.
Quando é feito:
Sempre no início do pré-natal, para que, em caso positivo, o tratamento preventivo comece logo.
Reação para toxoplasmose e para rubéola
O que o exame indica:
Os exames indicam se a paciente já teve algum contato com os causadores dessas duas doenças. “Eles medem os anticorpos contra os agentes. Pela quantidade de IgG e IgM dá para saber se a infecção ocorreu há muito tempo ou durante a gravidez”, conta o ginecologista e obstetra Fábio Rosito. A toxoplasmose pode provocar sequelas para o feto e malformações, por atacar e destruir tecidos. Já a rubéola pode trazer complicações neurológicas, cegueira e surdez para a futura criança.
Quando é feito:
Ele sempre é feito no início do pré-natal e depois repetido no terceiro trimestre.
Resultados normais:
Quando a infecção é mais antiga, os valores de IgM são mais baixos e de IgG são mais elevados, de acordo com obstetra Passos.
Sorologias para hepatite B e C e para citomegalovírus
O que os exames indicam:
Verificam se a mãe está com alguma dessas doenças, que podem prejudicar o desenvolvimento do feto também. O citomegalovírus pode causar malformações no bebê, mas é uma doença considerada mais rara, de acordo com Rosito. Já as hepatites B e C podem ser passadas para as crianças, que se tornaram portadoras dos vírus também.
Quando é feito:
Ele é feito no primeiro trimestre e repetido no terceiro trimestre, ou mais vezes conforme o histórico da paciente
Urina
O que o exame indica:
O exame de urina normalmente indica se a paciente está com alguma infecção urinária, mesmo que sem sintomas. “Ela precisa ser tratada, porque pode passar para os rins ou para o corpo inteiro, causando parto prematuro, além de problemas de saúde para a mãe”, considera o especialista em medicina fetal Borges Lopes.
O primeiro exame efetuado é o Urina 1, que indica a concentração de células de defesa na urina. Caso ele dê positivo, são feitos outros exames para verificar quais bactérias são essas, assim o obstetra avalia o melhor tratamento.
Quando é feito:
É pedido na primeira consulta pré-natal e é normalmente repetido nos outros trimestres.
Preparação:
Basta fazer a coleta em casa. Resultados normais: É indicado que a densidade varie de, 1005 e 1030 e o pH esteja entre 5,5 e 7,5. No exame químico não devem constar glicose, proteínas, cetonas, bilirrubina, urobilinogênio, leucócitos, hemoglobina e nitritos. Já na Microscopia do Sedimento deve exibir:
- Células epiteliais – algumas
- Leucócitos – 5 por campo
- Hemácias – 3 por campo
- Muco – ausente
- Bactérias – ausentes
- Cristais – ausentes
- Cilindros – ausentes
Fezes
O que o exame indica:
Ele mostra se a gestante está com alguma verminose. Apesar delas serem pouco comuns em locais com saneamento básico, são pedidas para todas as gestante, já que algumas podem aumentar os quadros de anemia. Algumas precisam ser tratadas, mas de acordo com sua gravidade e com o tipo de medicamento usado, pois alguns podem interferir na gravidez.
Quando é feito:
É realizado apenas no início do pré-natal.
Preparação:
Cada laboratório pede preparações diferentes
Ultrassonografia
Muitas mulheres acham que os ultrassons são obrigatórios em todas as consultas pré-natais, mas não necessariamente. Não há nada de errado em realizá-lo em todas as semanas, principalmente se o especialista tiver o aparelho em seu consultório, mas Borges Lopes separa quais são os quatro que não podem faltar:
- Logo no começo do pré-natal é importante um ultrassom que avalie onde está ocorrendo essa gestação, se ela realmente está no útero, qual a idade gestacional do feto, para poder se calcular o desenvolvimento, e se há mais de um bebê
- Entre as semanas 11 e 14 é feito um ultrassom morfológico, que avalia como está o desenvolvimento da criança e se a formação está bem, como o desenvolvimento dos membros, coração, sistema nervoso, entre outros
- Entre as semanas 20 e 24 é preciso avaliar a morfologia do bebê novamente, verificando rins, coração, pulmões, sistema nervoso e outros órgãos, além dos membros, ver se tudo se desenvolveu da forma correta ou se há má formação
- Por volta da 32ª semana um ultrassom é feito para conferir se está tudo certo para o parto, se o bebê está na posição correta, por exemplo, e se ele cresceu nem nesse período.
Fonte: Minha Vida